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PF instaura inquérito para apurar racismo contra mulher expulsa de voo

Samantha Vitena foi retirada de voo que partia de Salvador com destino a São Paulo na noite de sexta-feira (28/4). A investigação sobre a possibilidade de crime de racismo correrá em sigilo


Reprodução/Twitter
A Polícia Federal instaurou, neste domingo (30/4), um inquérito policial para apurar a possibilidade de existência do crime de racismo contra a mulher negra retirada de voo da GOL, na Bahia, por se negar a despachar uma mala. A investigação correrá em sigilo até a completa elucidação dos fatos.

Samantha Vitena foi retirada de voo que partia de Salvador com destino a São Paulo na noite de sexta-feira (28/4). Passageiros que assistiram e registram a cena se revoltaram, denunciando racismo por parte da companhia. A mulher, identificada como Samantha Vitena, questionou a abordagem de três agentes da Polícia Federal. "Faz mais de uma hora que eu coloquei a mochila, mas o voo não decolou. Agora vieram três homens para me tirar do voo, sem me falar o motivo", disse.

Os Ministérios da Igualdade Racial e dos Direitos Humanos publicaram nota de repúdio em conjunto, no sábado (29/4). As pastas acionaram uma série de órgãos para a apuração do caso. "Acionamos a Procuradoria Geral da República na Bahia e a Superintendência Regional da Polícia Federal na Bahia a fim de que crimes, infrações e ou violações sejam identificados e apurados, e que sejam tomadas providências", comunicou.

Além dos órgãos de investigação, o governo notificou a Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) para tomar todas as medidas cabíveis para buscar prevenir, coibir e colaborar com a apuração de casos de racismo praticados por agentes de empresas aéreas, aprimorando seus mecanismos de fiscalização. "Propusemos uma reunião entre os Ministérios e a ANAC, com o objetivo de debater medidas de prevenção de casos de racismo e de mecanismos de regulação das companhias aéreas", disse.

Relembre o caso

A discussão teria começado depois que funcionários da companhia aérea tentaram despachar a mochila da passageira, sob a justificativa de que não havia espaço nos compartimentos acima das poltronas. "A tripulação ignorava completamente o desespero desta mulher, que era obrigada a despachar a mochila com seu computador - sendo, inclusive, acusada por parte da tripulação de ser 'a razão do atraso'. Conseguimos um lugar para a mochila de Samantha e nem mesmo assim o voo decolaria. Mais uma hora de atraso, nenhuma satisfação da companhia área, gente passando mal no avião e eis que três homens da Polícia Federal entram de forma extremamente truculenta no avião para levar a 'ameaça' do voo embora - a Samantha", conta a jornalista Elaine Hazin, que registrou o momento.

"Samantha era uma ameaça por ser uma mulher, ser preta, ter voz. Ela foi levada pela polícia, eu quase fui levada junto por defendê-la, me agrediram, me ameaçaram. A mãe de Samantha chorava desesperada ao telefone por não saber o destino de sua filha. Eu chorava também. Outras mulheres e homens se desesperavam. O que eles não sabiam é que Samanta não estava só - e que enquanto pudermos, enquanto tivermos forças vamos lutar todos juntos contra o racismo!", continuou Elaine.

Posição da companhia

Segundo a companhia aérea GOL, a mulher foi expulsa do voo porque se recusou a colocar a bagagem nos locais corretos. "Havia uma grande quantidade de bagagens para serem acomodadas a bordo e muitos clientes colaboraram despachando volumes gratuitamente. Mesmo com todas as alternativas apresentadas pela tripulação, uma cliente não aceitou a colocação da sua bagagem nos locais corretos e seguros destinados às malas e, por medida de segurança operacional, não pôde seguir no voo", informou a empresa em nota enviada ao Correio.

A GOL ainda disse lamentar o ocorrido, afirmou que as regras devem ser seguidas sem exceções e que a empresa não tolera atitude discriminatória. "Lamentamos os transtornos causados aos clientes, mas reforçamos que, por medidas de Segurança, nosso valor número 1, as acomodações das bagagens devem seguir as regras e procedimentos estabelecidos, sem exceções. A companhia ressalta ainda que busca continuamente formas de evitar o ocorrido e oferecer a melhor experiência a quem escolhe voar com a GOL e segue apurando cuidadosamente os detalhes do caso", disse.


Com informações do Correio Braziliense 

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