Descartar resíduos de maneira errada contribui para a ocorrência de incêndios e de queimadas. Somente de 1º a 17 de agosto, os bombeiros atenderam 1.021 ocorrências
Marcelo Ferreira/CB/D.A Press |
O período de seca traz um grande perigo e acende o alerta: as queimadas e os incêndios, que resultam na destruição de grandes extensões de vegetação. O risco do fogo que atinge o meio ambiente não ameaça apenas áreas de preservação isoladas, mas também os centros urbanos. De acordo com o Corpo de Bombeiros (CBMDF), 95% dos focos são provocados por ação humana.
Especialistas explicam que não é somente a falta de chuva que contribui para a formação de labaredas. As altas temperaturas, a baixa umidade do ar, o descarte inadequado de lixo doméstico, de entulho e de resíduos também são fatores determinantes para facilitar os focos de incêndio.
A chefe da Unidade de Medição e Monitoramento do Serviço de Limpeza Urbana (SLU), Andrea Almeida, conta que diariamente a empresa recolhe, em média, 2 mil toneladas de descartes irregulares de resíduos, chegando a 50 mil toneladas por mês, o que é considerado um crime ambiental. Além disso, gera um prejuízo de quase R$ 5 milhões aos cofres públicos com o recolhimento (serviços de coleta manual e mecanizada).
O SLU gasta ainda cerca de R$ 15 milhões com catação e varrição de lixo nas ruas. O DF conta com 23 papa-entulhos, 584 papa-lixos e 18.290 lixeiras instaladas em todas as regiões administrativas. O custo total por mês com o serviço de limpeza chega a R$ 20 milhões.
Conscientização
Segundo Andrea, desde 2019, o SLU instalou 23 papa-entulhos para o recolhimento de resíduos, que é o lixo mais prejudicial ao meio ambiente. Desde então, a empresa promove diversas ações e visitas para conscientizar os moradores. "Apesar de todo o trabalho, ainda temos 400 pontos viciados na cidade — são aqueles locais nos quais a população continua jogando lixo e resíduos de maneira inadequada e, muitas vezes, colocando fogo, o que contribui muito para os incêndios. Mesmo com as campanhas, ações e as placas de proibição, a prática é constante", afirma.
A chefe da unidade explica que o SLU faz um trabalho em parceria com a Secretaria de Proteção da Ordem Urbanística do Distrito Federal (DF Legal), que é o serviço de constatação, em que as equipes notificam a pessoa que joga o lixo de maneira irregular nas ruas, para corrigir a irregularidade. Caso o infrator não recolha o material, o DF Legal é acionado para providências e cabe aplicação de multa.
Separados de forma correta, resíduos de construção civil, coleta seletiva e lixo orgânico podem ser reutilizados. Atualmente, o SLU reaproveita 20% dos resíduos. O material serve para recapeamento de vias vicinais, áreas rurais, condomínios e erosões. Além disso, catadores reciclam o lixo para fazer trabalhos sociais. "A seleção correta beneficia toda a sociedade e a gestão de resíduos sólidos não é papel exclusivo do poder público. Ela é compartilhada com toda a população, que precisa trabalhar ativamente contra essa cadeia para diminuirmos os impactos causados", ressalta Andrea Almeida.
O professor do departamento de Economia e secretário de Meio Ambiente da Universidade de Brasília (UnB), Pedro Zuchi, destaca que a participação da sociedade na preservação do planeta passa pela mudança de comportamento em relação à coleta e seleção de lixo e resíduos. De acordo com o especialista, a população descarta o lixo da forma que entende o que é lixo, e a conscientização sobre isso pode evitar a degradação do meio ambiente e outros prejuízos graves ao próprio indivíduo.
"O descarte precisa ser de forma consciente. A população tem que entender que não podemos sujar as ruas e que uma ação desse tipo prejudica toda a sociedade, não só aquele indivíduo de forma isolada. O lixo nas ruas também é um facilitador de incêndios e queimadas quando a população, de forma errônea, coloca fogo nos entulhos. O descarte e a seleção correta do lixo são uma riqueza para as cooperativas", enfatiza. Para ele, é necessário que o Estado adote políticas públicas que melhorem o impacto na população do DF, para que mudanças de postura sejam implementadas, e as pessoas modifiquem o comportamento.
Com informações do Correio Braziliense - Laezia Bezerra
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