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Vídeo: mulher trans é agredida por motorista em estação do BRT no DF

O companheiro da mulher também foi agredido pelo motorista de ônibus com objeto cortante. Caso foi registrado em delegacia


Reprodução
Uma mulher trans de 27 anos foi agredida por um motorista de ônibus de 56 no Terminal do BRT de Santa Maria, no Distrito Federal, na quinta-feira (14/9). Lara Miranda Sena registrou ocorrência na Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), que apura o caso como agressão e injúria preconceituosa.

Ao Metrópoles a vítima relatou que o desentendimento com o motorista, identificado como Ademar do Nascimento Sá, começou na última quarta-feira (13/9), quando ela tentou embarcar com uma cadelinha de pequeno porte na coleira no ônibus que ele conduzia.

Segundo ela, o motorista impediu a entrada da jovem e proferiu diversas ofensas.

“Tentei informar a ele que existia uma lei distrital de transporte de animais domésticos e que eu poderia andar com a minha cadelinha, a Luna, naquele ônibus. Ele foi extremamente transfóbico e começou a me constranger na frente dos outros passageiros me chamando de rapaz e de cara”, contou Lara.

Mesmo depois de a jovem tentar corrigir o motorista ao informar que ela é uma mulher trans, as ofensas continuaram, e Lara filmou a discussão.

“Decidi registrar o caso na 33ª Delegacia de Polícia (Santa Maria) para cobrar a apuração”, acrescentou.

Veja imagens da agressão:


No dia seguinte, na manhã de quinta, Lara e o companheiro tentaram, pela segunda vez, pegar a linha de ônibus de Ademar.

Enquanto conversavam com o fiscal do terminal sobre o direito de embarcar no transporte coletivo com a cachorrinha de estimação, o motorista apareceu “exaltado”, chamou Lara e o companheiro de “viados” e os agrediu com um objeto cortante.

“Ele me deu socos no rosto e na cabeça. Cortou o meu namorado e quebrou o meu celular enquanto eu registrava as imagens. Os colegas de trabalho dele intervieram e acionaram a Polícia Militar”, detalhou.

Lara conta que o homem também a ameaçou de morte caso ela continuasse filmando as agressões. Ele dizia “Eu vou acabar com a sua vida”, segundo o depoimento da jovem à polícia.

“Acredito que o motivo da confusão em momento algum foi o pet. Quem estava segurando a Luna, nos dois dias, era o meu companheiro. A todo instante as agressões partiram somente para mim”, disse a jovem.

A PMDF levou os envolvidos para a delegacia e o motorista acabou liberado.

“Me senti muito constrangida. Estou muito assustada e com medo dessa situação. Quero que outras pessoas trans, assim como eu, percebam o absurdo da situação e saibam se posicionar ao se depararem com atitudes semelhantes”, pontuou. “Saber que ele foi liberado, fez eu me sentir menosprezada pela sociedade e pelas autoridades.”

Outro lado


Acionada pela reportagem, a empresa de ônibus Pioneira disse lamentar o ocorrido e acrescentou que “todas as medidas cabíveis em relação ao motorista envolvido no incidente já foram tomadas”.

“A empresa reitera seu compromisso inabalável com a igualdade, a diversidade e o respeito a todos os passageiros. Sentimos muito com o incidente ocorrido, e ratificamos que a discriminação de qualquer forma não tem lugar em nossa empresa e não reflete os valores pelos quais pautamos”, afirmou.

“Todos os nossos colaboradores passam diariamente por treinamentos que abrangem e enfatizam a importância do tratamento humanizado a todos os usuários com respeito e cordialidade, independentemente de sua identidade de gênero, orientação sexual”, diz trecho da nota.

Além disso, a Pioneira acrescentou que “os motoristas são orientados a cumprir rigorosamente a Lei nº 7.207, de 26 de dezembro de 2022, que autoriza o transporte de animais domésticos de pequeno porte, utilizando coleira e guia, nos veículos do Transporte Público Coletivo do Distrito Federal”.

Com informações do Metrópoles - Nathália Cardim

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