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“Gi, fala comigo”, clama sobre o túmulo pai de aluna morta na escola

Gráfico Denis Bezerra da Silva passou a semana entre visitas ao túmulo da filha Giovanna, assassinada em ataque à Escola Estadual Sapopemba


Reprodução/Instagram
O gráfico Denis Bezerra da Silva teve uma semana que pai nenhum desejaria ter, depois de perder a filha Giovanna, de 17 anos, no último dia 23, no ataque à Escola Estadual Sapopemba, na zona leste de São Paulo. Saudade, desconsolo e até dúvidas a respeito da própria sanidade vieram à tona em meio à enxurrada de sentimentos.

“Chegava de frente para o túmulo conversando com ela, pedindo ‘Gi, fala com o pai, onde tem um lugar bonito para a gente conversar’. Nos meus pensamentos, ela me levava para os lugares, ficava andando pelo cemitério”, disse nesta terça-feira (31/10) ao Metrópoles. “As pessoas devem ter achado que eu estava louco. Até o rapaz que trabalha lá já me conhecia.”

As visitas quase diárias ao lugar onde está sepultado o corpo da filha, morta com um tiro na nuca por outro estudante, de 16 anos, vão fazer Denis ter um destino diferente do que aqueles de costume no feriado desta quinta-feira (2/11). “Nunca fui a um cemitério em Dia de Finados, apesar de ter parentes enterrados. Agora, eu vou”, afirma.

O gráfico voltou nesta terça ao trabalho. Recebeu muitos abraços e viu de perto a emoção das pessoas que, de alguma maneira, sentiram compaixão pelo pai que perdeu a filha adolescente. Apesar da recepção emocionada, Denis diz que se arrependeu de ter ido ao serviço, por querer justamente estar próximo do túmulo de Giovanna.

“Minha vontade era largar tudo. Falei para um amigo ‘vou desligar a máquina, ir embora, chega, a minha vida não tem mais sentido, acabou, vou sumir e só ficar com a minha filha no coração’. Isso está doendo demais”, afirma.

Em meio a dias angustiantes, Denis conta que teve na segunda-feira (30/10) um conforto e uma libertação ao ser consolado pelas pessoas que participaram da missa de sétimo dia de Giovanna.

O vazio da última semana faz com que Denis recomende aos pais que se aproximem mais de seus filhos. “Todos os dias, o pai, o homem, que geralmente é o mais durão, o mais difícil de lidar, abrace, beije, fale muitas coisas assim”, afirma.

“Faltou eu ter falado mais vezes, principalmente nesses últimos anos, ‘filha, eu te amo, do meu jeito, mas eu te amo’. Isso faltou”, diz. “Minha filha cortou o cabelinho dela e não tive a oportunidade de dizer que estava linda.”

O gráfico, que carrega consigo aquele que é, possivelmente, o pior trauma da paternidade, a morte de um filho, tenta se esvaziar de sentimentos ruins diante do mundo. “Não desejo mal a ninguém. Deus me tirou todo o ódio. Eu só quero que seja feita justiça”, afirma.

O temor dele é que a filha não seja a derradeira estudante a ser assassinada em uma escola. “É doído falar isso, mas sei que não vai ser a última vítima. Tenho que entregar para Deus.”

Responsabilidades


Sobre as responsabilidades do governo estadual em relação ao ataque, a família divulgou uma nota por meio da advogada Larissa Martendal e a equipe do escritório Del Pino. “O estado deve promover maiores medidas para combater casos de violência nas escolas. Reforçar a fiscalização de alunos e promover acompanhamento psicológico não só do aluno, mas familiar.”

Entretanto, o pai de Giovanna faz questão de dizer que Tarcísio de Freitas (Republicanos) já havia, de alguma maneira, falado por ele. “Quem poderia responder por mim foi o próprio governador, que falou que o estado foi falho. Então ele já está respondendo por mim, não preciso falar. Ele respondeu pelo pai da Giovanna, isso é o que tenho para falar”, diz.

Sobre o contato das estudantes baleadas com o atirador, o pai afirma que não isso não existia. “Eram de andares, séries diferentes. Não tinham nada a ver”, diz. “Foi algo aleatório, ela foi uma vítima.”

Com informações do Metrópoles - William CardosoJessica Bernardo

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