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Menino de 8 anos morre afogado em área que virou “piscinão” após chuva

Menino Israel Jorge de Oliveira foi brincar em “piscina” formada por água empoçada em Carapicuíba; criança morava em favela ao lado do local


Arquivo pessoal
Um menino de 8 anos morreu afogado em um “piscinão” formado pelo acúmulo de água da chuva em um terreno de Carapicuíba, na região metropolitana de São Paulo. Israel Jorge de Oliveira morava em uma favela vizinha ao local e foi brincar no bolsão de água na última sexta-feira (1º/12).

Segundo a avó do garoto, Terezinha de Oliveira, Israel teria saído de casa de manhã, antes dos outros familiares acordarem. Ela conta que o avô chegou a procurar pelo menino ao levantar, mas não o encontrou. Pouco tempo depois, eles receberam a notícia do afogamento.

“Veio um monte de crianças gritando, chorando, para ele ir lá socorrer”, afirma Terezinha.

Um vizinho da família e policiais militares ajudaram a levar o menino até o Hospital Geral de Carapicuíba. “Eles fizeram de tudo. Acho que foram quatro paradas cardíacas. Na última ele morreu”, diz a avó.

Segundo a Secretaria da Segurança Pública, foram solicitados exames junto ao Instituto Médico Legal (IML) e ao Instituto de Criminalística (IC). O caso foi registrado como morte suspeita e acidental no 1° Distrito Policial de Carapicuíba.

Líder comunitária da Favela Porto de Areia, Cleide Faria Santos, de 53 anos, responsabiliza o governo do estado e a empresa proprietária do terreno pelo afogamento de Israel.

O Metrópoles questionou a Prefeitura de Carapicuíba sobre quem é o proprietário do terreno. Em nota, a administração municipal informou que trata-se de “uma área particular pertencente aos espólios da Cava, que abrange dois municípios [Carapicuíba e Barueri]”.

Há mais de uma década o Departamento de Águas e Energia Elétrica (DAEE), órgão vinculado ao governo estadual, utiliza o espaço para depositar materiais retirados dos rios Tietê, Pinheiros e outros córregos. A ação faz parte de um projeto de aterramento do terreno.

Para Cleide, foram as intervenções feitas pelo governo estadual que provocaram os desníveis onde a água da chuva se acumula.


“Eles falaram que aterraram [o terreno], mas eles deixaram vários bolsões”, diz a moradora.

Cleide afirma que em dias de calor como na última sexta-feira, quando a Grande São Paulo registrou temperatura de até 30ºC, as crianças buscam as poças d’água para se refrescar.

Ela critica a falta de segurança no local para impedir o acesso dos menores. “Não tem segurança, não tem ninguém para falar que não pode entrar”, afirma a líder comunitária.

Outro lado


O Metrópoles questionou o DAEE e a Cava Soluções Ambientais (CSA) sobre o afogamento de Israel. Em nota, o órgão do governo afirmou que “manifesta seu profundo pesar pelo falecimento” e negou responsabilidade pela área em que a criança morreu.

“A cava de Carapicuíba não é de propriedade do DAEE. É uma área particular, que foi utilizada para extração de areia por mais de 40 anos, dos anos 60 a 2000. A área no entorno foi utilizada como lixão e ocupação irregular por comunidades carentes. A CSA – Cava Soluções Ambientais representa os antigos mineradores proprietários da área”, diz o texto.

Em nota, a Cava lamentou a morte da criança, mas negou que seja a proprietária do terreno. Disse, ainda, que somente realiza serviços de terraplanagem no local. “A Cava não é proprietária e nem responsável pela área. Trata-se de prestadora de serviços de terraplanagem que estão em curso no local”, informou.

“A Cava também permanece à disposição das autoridades e dos parentes da vítima, a fim de prestar quaisquer esclarecimentos ou auxílios que se façam necessários, mesmo entendendo que não tem nenhum nível de responsabilidade sobre os fatos”, diz ainda a nota.

Por meio de nota, a Prefeitura de Carapicuíba afirmou que lamenta a morte de Israel e está à disposição para auxiliar a família, por meio da Secretaria de Assistência Social.

Segundo a gestão municipal, tanto a prefeitura de Carapicuíba quanto a de Barueri estão em tratativas com o governo do Estado para pensar uma solução para o local.

Com informações do Metrópoles - Jessica Bernardo

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