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O que fez a Marechal deixar os passageiros do DF na mão pelo 2º dia

Com plataformas vazias, passageiros esperam por ônibus da Marechal, que está há dias sem atender a população de Brasília


 Igo Estrela/Metrópoles. @igoestrela
Por dois dias seguidos, a Viação Marechal deixou de rodar com os ônibus no Distrito Federal. A empresa tem uma das maiores demandas de transporte público no DF e atende, em média, mais de 110 mil passageiros diariamente – 3,3 milhões de pessoas ao mês. A linha faz trajetos em Águas Claras, Ceilândia, no Guará, Park Way, Sol Nascente e em Taguatinga. Mesmo com essa responsabilidade, a empresa deixou de rodar, sem aviso prévio e alega falta de recursos.

Uma passageira que não quis se identificar teve a rotina completamente alterada por conta da falta do transporte público. Ela mora no P Sul, em Ceilândia, e sempre usa a condução para chegar ao Plano Piloto, onde trabalha. Porém, nessa quinta-feira (14/12), ficou mais de 40 minutos esperando um transporte que jamais chegou. “Não passou nada do que estava programado”, contou.

“Eu liguei em um telefone da Marechal para perguntar o que estava acontecendo, aí uma moça atendeu e falou que ia transferir para a área responsável. Um rapaz atendeu e falou que ia passar para a tutora, mas ela atendeu e disse que essa informação eu só conseguia com a assessoria”, contou ao Metrópoles, detalhando o jogo de empurra-empurra da empresa para não informar o que, de fato, havia acontecido.

A brasiliense precisou trabalhar de casa nessa quinta-feira (14/12), para evitar o risco de não ter como voltar.

Também moradora do P Sul, a recepcionista Brasiliana Ximenes disse que apenas um dia dessa semana conseguiu o transporte regular. “Essa semana, só segunda-feira teve ônibus. Hoje, fiquei 1 hora esperando e estou indo de metrô. Ontem fiz a mesma coisa”, contou.

Nas redes sociais, internautas também criticaram ferrenhamente a operação da empresa no DF. “No Guará, hoje, não se viu um ônibus da Marechal na rua”, disse um usuário da linha na plataforma X – antigo Twitter. “Sendo feito de palhaço a semana toda, esperando na parada a Marechal sem passar ônibus e ngm decide se vai funcionar ou não. Empresa bosta demais”, reclamou outro.

Para o presidente da Comissão de Transporte e Mobilidade Urbana (CTMU) da Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF), deputado Max Maciel (Psol), a medida da Marechal é uma estratégia para chantagear o Governo do Distrito Federal. “O GDF está refém das empresas de ônibus, que estão cheias de problemas e pressionam para ganhar cada vez mais repasse”, disse.

De acordo com a comissão, a empresa recebeu R$ 267 milhões de repasses do poder público até novembro deste ano. “É um caso de má-gestão. Mesmo que seja falta de combustível, que falte repasse, como que a empresa chega ao ponto de não conseguir sair mais da garagem?”, reclama o deputado.

A comissão levantou todos os reconhecimentos de dívidas publicados no Diário Oficial em 2023. O montante que consta nessa pesquisa é que o GDF deve R$ 88.653.920,04 à empresa Marechal. A quantia aponta gastos do Distrito Federal com transporte público elevados quando comparado a qualidade do serviço.

De acordo com o Sindicato dos Rodoviários, a Marechal não recolhe o FGTS dos funcionários há 10 meses e não consegue sequer abastecer as frotas. “A empresa coloca os carros para rodar no horário de pico [na manhã e no fim da tarde] e depois recolhe a frota”, declarou o secretário-geral do sindicato, José Wilson. “A empresa está alegando que não tem mais verba para combustível, não tem mais dinheiro para rodar. Os profissionais estão preocupados porque só receberam 60% do 13º salário”, completou.

O Metrópoles questionou a Secretaria de Transporte e Mobilidade (Semob) quais razões foram apresentadas pela empresa para interromper os serviços. A pergunta não foi respondida. Em vez disso, a pasta informou que monitorou a operação da Viação Marechal tanto na quarta (13/12) quanto nessa quinta-feira (14/12).

“Nos locais onde verifica-se falha na operação, a Semob providencia atendimento aos usuários por meio de veículos de outras operadoras”, declarou em nota. “A Semob reafirma que está atuando junto à Viação Marechal para que a empresa regularize a prestação de serviço de transporte coletivo”, completou.

Procon


Nessa quinta-feira, o Procon do Distrito Federal deu 48h para que a Marechal apresente justificativas para a falta de ônibus. Segundo o Sindicato dos Rodoviários, a própria empresa recolheu os coletivos para as garagens e os passageiros ficaram sem conseguir embarcar.

De acordo com os rodoviários, a empresa começou a recolher os ônibus na segunda-feira (11/12), mas não apresentou justificativa para a decisão.

Procurado, o Procon afirmou que a empresa será notificada para prestar esclarecimentos sobre as razões pela qual deixou de prestar o serviço de transporte nos dias 12 e 13 de dezembro de 2023.

A Semob informou que prestará as informações que foram solicitadas pelos parlamentares da CLDF sobre o caso. “A Semob reafirma que está atuando junto à Viação Marechal para que a empresa regularize a prestação de serviço de transporte coletivo, na área 4 do STPC/DF, que envolve as regiões do Guará, Park Way, Arniqueira, Águas Claras, Taguatinga (ao sul da Hélio Prates), Ceilândia e Sol Nascente/Pôr do Sol”, completa a nota.

Falta de ônibus da Marechal


A Marechal é contratada pelo GDF para operar no sistema de transporte coletivo do DF. Cerca de 2.400 motoristas e cobradores trabalham para a Marechal, na condução de aproximadamente 460 ônibus. Desde segunda-feira, os passageiros que dependem da viação enfrentam dificuldades para encontrar ônibus.

Diante do ocorrido, o presidente da CLDF, deputado Wellington Luiz (MDB), e o presidente da Comissão de Transporte, Max Maciel (PSol), enviaram ofícios para diversos órgãos de controle cobrando investigação do caso.

Além da apuração do episódio, as punições cabíveis no que tange a lesão ao direito dos consumidores, bem como a aplicação multas diárias para todo o período de ausência da prestação de serviço de transporte.

Os ofícios foram enviados ao Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT), o Instituto de Defesa do Consumidor (Procon) e Semob. O Metrópoles entrou em contato com a Marechal. No entanto, a empresa disse que não vai se manifestar.

Com informações do Metrópoles - Jade Abreu

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