O empreendedorismo feminino tem sido uma mola propulsora para mulheres encontrarem novos propósitos de vida e atuarem como agentes transformadoras. No DF, umas incentivam outras a investir em vÔrias frentes
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Marcelo Ferreira/CB/D.A Press |
O empreendedorismo é um caminho escolhido por um número cada vez maior de mulheres que querem ganhar autonomia, sair de ciclos de violência e tornarem-se donas do próprio destino. No Distrito Federal, projetos liderados por mulheres têm o propósito de ajudar outras mulheres a empreender de maneira responsÔvel para elas seguirem os sonhos usando a própria mão de obra e o talento. O Correio conversou com Katia Ferreira, Celina Bessa e Weimma Anita, três incentivadoras que estão à frente de diferentes projetos com um objetivo comum: encorajar e capacitar outras mulheres a seguir o caminho de criar a própria fonte de renda.
"Eu sempre quis fazer a diferenƧa", Ć© com essa frase que a fundadora do Instituto Proeza, Katia Ferreira, descreve o seu propósito. HĆ” 21 anos, ela trabalha com milhares de mulheres na regiĆ£o do Recanto das Emas e Riacho Fundo II no combate Ć pobreza e Ć s desigualdades sociais com aƧƵes e estratĆ©gias que promovem o ServiƧo de Fortalecimento de VĆnculos e Igualdade de GĆŖnero por meio de iniciativas comunitĆ”rias. Entre as principais aƧƵes do instituto, estĆ” o oferecimento de cursos gratuitos de bordado e crochĆŖ juntamente com atendimento psicológico, tambĆ©m sem custos, para todas as alunas. A ação de incentivo ao estĆmulo de habilidades, aliada ao cuidado com a saĆŗde mental, tem ajudado mulheres a sair de situaƧƵes de vulnerabilidade e a conquistar a própria fonte de renda.
Segundo Katia, mais da metade das 106 mulheres atendidas pelo Instituto Proeza fazem parte de estruturas familiares nas quais a mulher Ć© a responsĆ”vel pelo sustento do lar. "Ć nesse contexto em que estĆ£o as que vivem em situação de maior pobreza. Aqui, nós as ajudamos a construĆrem um projeto de vida, estabelecerem metas e saĆrem da situação em que se encontram. Buscamos dar capacitação focada no trabalho", explica. "Trabalhamos com mulheres beneficiĆ”rias de programas sociais e as ajudamos a empreenderem", completa.
O Proeza trabalha em parceria com os Centros de ReferĆŖncia de AssistĆŖncia Social (CRAS), que encaminham mulheres em situação de vulnerabilidade ao instituto para terem acesso aos cursos e atendimentos. "Montamos um grupo para trabalho com cenografia em crochĆŖ. JĆ” fizemos a cenografia de uma sĆ©rie de eventos grandes, alĆ©m de galerias da Embratur em paĆses como FranƧa, ItĆ”lia e Inglaterra. Nós tambĆ©m encapamos as embaixadas brasileiras em Roma e Londres com crochĆŖ", orgulha-se.
Transformando sonhos
Para empreender, entretanto, alĆ©m de habilidade para produzir algum produto ou desenvolver algum serviƧo, Ć© preciso entender os caminhos burocrĆ”ticos para profissionalizar a atividade. Ć ensinando a empreender que a assistente social Wemmia Anita, 34 anos, ajuda outras mulheres. Associada do Instituto Afrolatinas — organização de mulheres negras brasileiras que atuam nas artes, memória, educação e gestĆ£o —, Wemmia ajuda mulheres que estĆ£o em momento de reestruturação de carreira ou em busca do empreendedorismo. Ela estĆ” Ć frente do curso de empreendedorismo afro, ofertado gratuitamente no Ć¢mbito do projeto Afro em Movimento, cuja segunda edição foi lanƧada ontem e vai atĆ© o final de maio. As interessadas podem se inscrever gratuitamente atĆ© 7 de abril pelo Instagram @afroemmovimentodf ou pelo site www.afroemmovimento.com.br.
"Ajudar mulheres que trabalham vendendo algum produto ou serviço a se tornarem empreendedoras de fato é uma forma de gerar autoestima e perspectiva de trabalho e de renda. Quando elas veem aquela atividade se tornar um modelo de negócio de fato, elas se sentem empoderadas", descreve Wemmia. "Na maioria das vezes, as mulheres jÔ têm uma ideia de negócio, seja produto ou serviço, e jÔ começou a validar isso na própria comunidade, com a vizinhança. A partir do momento que ela adquire uma mente empreendedora, ela consegue se reestruturar e se reconfigurar no mundo. à pensar e agir a partir da perspectiva do sonho", acrescenta.
Para comeƧar a empreender, principalmente no setor de serviƧos, Ć© preciso um investimento inicial, alĆ©m de recursos que nem todas as mulheres conseguem ter acesso no inĆcio. Foi pensando nesse gargalo que a empreendedora Celina Bessa, 39, fundou um espaƧo de coworking só para mulheres em Ćguas Claras, o primeiro do gĆŖnero no Centro-Oeste. "Na pandemia, comecei a observar cada vez mais mulheres se lanƧando no empreendedorismo que chamamos de guerrilha, aquele exercido por necessidade. Aos poucos, fui percebendo que elas continuavam e foram se estabelecendo nesse caminho", conta.
O espaço, denominado Blaze Coworking, conta com 25 salas para atividades diversas, como reuniões, palestras, sessões de fisioterapia, massagem e beleza. Os espaços podem ser alugados por hora e são ofertados valores sociais como forma de incentivar as mulheres a empreender. No local, trabalha uma equipe 100% feminina. "Trabalhar em um ambiente compartilhado tira a sensação de estar empreendendo sozinha. Cria uma comunidade, possibilita networking e troca de experiências. Essa troca e senso de comunidade é crucial para o desenvolvimento da sociedade", ressalta Celina. "Além disso, as mulheres que empreendem, assim como eu, adquirem a tendência de contratarem mais mulheres, o que acaba fortalecendo umas às outras", finaliza.
Com informaƧƵes do Correio Braziliense - Mila Ferreira
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