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Escola de Brasília proíbe celulares em sala de aula

Colégio Marista João Paulo II, da Asa Norte, utiliza de metodologia europeia para desvincular as crianças de seus aparelhos eletrônicos durante as aulas


Divulgação/ Marista
Inspirada em escolas europeias, a coordenação do Colégio Marista João Paulo II, da Asa Norte, está implementando, neste ano, o projeto Mente presente, que visa melhorar a aprendizagem, manter o foco dos alunos nos estudos e promover uma relação mais saudável com a tecnologia.

Ao chegar ao colégio, os estudantes são orientados a guardar seus dispositivos eletrônicos, como celulares e relógios inteligentes, em um armário trancado. A utilização dos aparelhos só é permitida durante o segundo intervalo das aulas e na saída da escola. A iniciativa vem ganhando apoio de toda comunidade escolar, inclusive, dos alunos.

“Bateu um desespero, achei que seria um pesadelo, a pior coisa do mundo, e que eu ficaria ansioso de saber quem mandou mensagem ou que horas seriam. Mas não foi assim. Está sendo muito melhor do que eu esperava. Fui soltando o vício no celular", conta Cameron Costa, 14 anos.

O uso da internet durante pesquisas e trabalhos é permitido. Para isso, o colégio disponibiliza tablets e notebooks. Segundo a direção, essa é uma forma de fazer com que a presença da tecnologia na sala de aula se torne saudável e efetiva. Há alguns anos, o uso de celulares na escola já era proibido para turmas dos anos iniciais do ensino fundamental.

"Nós não recebemos nenhum questionamento dos pais e, incrivelmente, os alunos foram muito receptivos com o projeto", conta o professor de língua portuguesa, Pedro Cavalcante. Ele aponta que, com a medida, o diálogo em sala de aula tem aumentado: "O ambiente se tornou mais ativo, não apenas socialmente, mas na construção do conhecimento. Cada vez mais os alunos recorrem aos livros e aos professores." 

A aluna Thalita Garcia, 13 anos, conta que também se assustou quando recebeu a notícia da proibição, mas logo percebeu os benefícios da proposta. "Sinto que estou aprendendo melhor desa forma, me sinto mais focada nas aulas, faço mais cópias e consigo falar mais com os professores", diz. "Nos intervalos também temos mais interações. Se antes cada um ficava em seu canto usando o telefone, agora todos nós conversamos e lanchamos juntos."

Para Sofia Maciel, 12 anos, a adaptação ao projeto foi demorada, mas importante. "Se me sugerissem passar por isso de novo, eu concordaria. Me aproximei dos meus colegas e dos professores, então, por que não?", diz.

Saúde mental


O coordenador Luíz Gustavo Mendes afirma que antes da implementação do projeto a equipe fez um estudo a respeito do tema: “Ficou bem claro a importância de cuidarmos da saúde mental dos nossos estudantes, abrindo um espaço para que as mentes possam criar, interagir, conversar e atuar na vida real”.

O psicólogo de terapia cognitivo comportamental, Rosemberg Lucas de Andrade, explica que o uso frequente da tecnologia traz impactos no desenvolvimento de crianças e adolescentes. “Acredito que essa rotina com a tecnologia tem uma problemática enorme, pois cria uma dependência acadêmica em relação aos dispositivos. O ChatGPT é um exemplo disso”, afirma. Segundo ele, a ausência de proatividade dos alunos na produção de atividades acadêmicas decorre dessa dependência cognitiva de aparelhos digitais.

“Um dos principais danos que tivemos no meio escolar com a chegada dos celulares é a falta de atenção nas aulas e dificuldade na compreensão. Para além das dificuldades de aprendizagem genéticas, nós, psicólogos, reconhecemos a influência da internet nesse quadro”, diz. O terapeuta recomenda a limitação do uso de eletrônicos em salas de aula para melhoria do rendimento acadêmico, mas também das relações sociais, pois o bom e velho contato analógico e orgânico "contribui para o desenvolvimento emocional da criança e do adolescente".

Com informações do Correio Braziliense - Priscila Crispi, Maria Fava

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