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Bombeiros do DF buscam famílias para ajudar na socialização de cães-guia em nova etapa do projeto

Corpo de Bombeiros amplia iniciativa e procura voluntários para acolher filhotes que futuramente atenderão pessoas cegas ou com baixa visão


Matheus H. Souza/Agência Brasília
O projeto de cães-guia do Corpo de Bombeiros Militar do DF (CBMDF) avança com rapidez e já mira uma expansão significativa: a partir de 2027, a corporação pretende entregar cerca de 20 cães-guia por ano. Para alcançar esse objetivo, o CBMDF está em busca de famílias voluntárias dispostas a participar da fase de socialização dos filhotes — etapa essencial antes do início do treinamento técnico.

Em outubro, três filhotes da cadela Mila chegaram ao canil da corporação após sobreviverem a um parto difícil. Com pouco mais de um mês de vida, eles crescem em um espaço totalmente reformado para garantir conforto, higiene e estímulos adequados ao desenvolvimento. Esses cuidados iniciais preparam os animais para a futura rotina de treinamento especializado.

Os filhotes deixam o canil aos 90 dias e permanecem de dez meses a um ano com as famílias socializadoras. A vivência em ambientes variados, com rotinas dinâmicas, pessoas diferentes e estímulos diversos, é indispensável para que o cão consiga atuar com segurança no mundo real. O coordenador do projeto, major João Gilberto Silva Cavalcanti, reforça que, ao contrário de cães farejadores ou de busca, o cão-guia precisa dessa experiência familiar porque o trabalho exige sensibilidade, adaptação e convivência plena com humanos.

Atualmente, dez cães estão em socialização: sete pastores-alemães, um golden retriever e um labrador. A inclusão do pastor-alemão é uma das novidades do projeto, já que a raça ainda é pouco usada como cão-guia no Brasil, embora seja bem-sucedida em outros países.

Segundo a psicóloga voluntária Fernanda Debattisti, a escolha das famílias começa pela adequação do ambiente. Embora casas sejam preferíveis, apartamentos também são aceitos desde que ofereçam conforto e segurança. Outro critério importante é o tempo disponível: é necessário incluir o filhote em todas as atividades do dia, como deslocamentos, passeios e visitas a diferentes locais. O objetivo é garantir que o animal tenha vivência social ampla e constante.

A família não precisa ter experiência prévia com cães, e a presença de outros animais não é impeditivo, desde que a estrutura da casa seja adequada. O projeto fornece ração mensal, acompanhamento veterinário e suporte dos treinadores. Despesas adicionais, como brinquedos e acessórios, são opcionais.

Do lado de quem aguarda um cão-guia, cada etapa do projeto representa esperança de autonomia. O analista de qualidade Esio Cleber de Oliveira Júnior, 28 anos, aguardou sete anos até receber Baré, seu cão-guia, em 2021. Ele destaca como o animal aumenta a segurança na locomoção, especialmente diante das frequentes barreiras de acessibilidade das cidades. Para ele, além da mobilidade, há um ganho social importante: o cão-guia aproxima as pessoas e promove inclusão de forma natural.

Com a reestruturação do canil e o avanço do projeto, Esio acredita que o tempo de espera para novos inscritos deve diminuir. Ele reforça, ainda, a importância da continuidade da iniciativa, já que um dia seu cão deverá se aposentar e ele voltará à fila.

Após a fase de socialização, os cães retornam ao canil e iniciam o treinamento técnico. A primeira etapa é a obediência, seguida por fases progressivas até o treinamento nas ruas. O CBMDF destaca que trabalha para entregar cães de excelência, já que uma falha no treinamento pode colocar o usuário em risco. Para ampliar ainda mais o projeto, a corporação lança, em fevereiro, um curso próprio de formação de treinadores, com duração de dois anos e cinco módulos.

A iniciativa também ganha novos desdobramentos. A partir do próximo ano, os cães passarão a atuar em escolas cívico-militares administradas pelo CBMDF, oferecendo suporte afetivo a crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA). Os animais ajudarão a promover tranquilidade e facilitar a socialização dos estudantes, que já contam com salas de recursos adaptadas para receber a novidade.

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