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Obras espalhadas pela capital aquecem mercado de trabalho e economia

No Distrito Federal, são mais de 70 mil empregados na construção civil, segundo dados do Caged. Canteiros espalhados pelas regiões administrativas geraram, de 2021 até julho deste ano, quase 10 mil empregos diretos e indiretos


Minervino Júnior/CB/D.A.Press
De viadutos a prédios residenciais, em diversas regiões do Distrito Federal, é possível observar que reformas e edificações não param na cidade, que ainda mantém a característica de "uma Brasília em construção". Há quem reclame de transtornos que algumas dessas intervenções — especialmente as que afetam o trânsito — causam, mas é pela ótica do aquecimento da economia local, com a geração de emprego e renda, que trabalhadores, empresas e especialistas observam, de forma positiva, o cenário atual de retomada das obras espalhadas pela capital federal.    

De acordo com a engenheira civil, mestre e doutora em geotecnia e coordenadora das engenharias do Ceub, Maruska Bueno, é um cenário de muito êxito. "Quanto mais obra tivermos, mais emprego direto e indireto serão gerados no DF", celebra a especialista. Ela explica que os empregos diretos são aqueles que têm uma relação imediata com o processo executivo da obra, como os operários, o engenheiro, todos que estão envolvidos com a execução do serviço; já os indiretos são aqueles gerados por meio das compras feitas para realizar a obra. "Então, as empresas que vendem os produtos — cimento, areia, etc. — estarão empregadas indiretamente nesse processo construtivo", detalha.

A engenheira esclarece que a construção civil movimenta recursos financeiros em grande escala que se revertem em renda tanto no processo executivo quanto no pós-obra, ou seja, no uso daquela edificação ou daquela obra que foi executada. "Em uma rodovia, por exemplo, imagina a quantidade de profissionais que não se envolvem naquela obra e, posteriormente, imagine as possibilidades que essa rodovia não vai gerar na ligação entre as cidades para o transporte de grãos, entre outros insumos. Então, é fato e notório que as obras públicas ajudam imensamente a aquecer o mercado como um todo", aponta Maruska.

Atividade essencial

De 2021 até julho deste ano, de acordo com o Governo do Distrito Federal (GDF), 2.595 postos diretos e 7.300 indiretos foram criados por conta dos serviços públicos, como a construção do Túnel Rei Pelé, em Taguatinga, e de viadutos em Sobradinho e no Sudoeste, por exemplo. Ao Correio, a Secretaria de Obras disse que, no período de 2021 a julho de 2023, foram investidos cerca de R$ 1,3 bilhão na realização de 23 obras. Daquelas que são de responsabilidade do Departamento de Estradas de Rodagem (DER-DF), no mesmo período, foram 56 obras de médio e grande porte pelo DF, sendo que 16 ainda estão em andamento. Para 2024, de acordo com o órgão, estão previstas obras como: a restauração da DF-345, a duplicação da DF-451, melhorias de segurança na DF-128 e passarelas em rodovias do sistema rodoviário do Distrito Federal.

Mas não é só no setor público que existem obras em andamento. Segundo dados do Ministério do Trabalho, por meio do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), pouco mais de 70 mil pessoas estavam empregadas formalmente na construção civil na capital do país, até junho de 2023 — o número segue uma crescente desde o início do ano. No DF, o setor gerou, somente no sexto mês do ano, um saldo positivo de 637 postos de trabalhos formais — ou seja, vagas que se mantiveram entre admissões e desligamentos no período. Na indústria, por exemplo, esse saldo foi de apenas 23.

Adalberto Valadão Júnior, presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil (Sinduscon-DF), afirma que o setor representa mais de 50% do Produto Interno Bruto (PIB) da indústria do DF. "Ele movimenta toda uma cadeia complexa e ampla, como a de materiais, mobiliário, decoração, transporte e etc.", explica. Ele ressalta que o setor imobiliário, em especial, teve um bom momento durante a pandemia. "O setor foi considerado atividade essencial, de forma que pôde trabalhar sem interrupções. O mercado cresceu, pois, passando mais tempo em casa, as pessoas acabaram ressignificando o imóvel, buscando mais espaço, mais conforto, o que acabou aquecendo as vendas", observa. "Hoje, as atividades ainda estão aquecidas, muitas obras públicas foram retomadas e novas se iniciaram", pontua.

O presidente do Sinduscon-DF vai além dos números sobre as vagas formais e diretas e assinala a importância social do setor. "Considerando toda a cadeia, esse número torna-se ainda mais relevante. Mais do que isso, o setor da construção emprega a camada mais vulnerável da população, aqueles com baixa qualificação e que, também por conta disso, dificilmente teriam oportunidade em outras áreas", observa.

Estabilidade

O maranhense Genildo Pereira, 40 anos, veio do Nordeste, há pouco mais de dois anos, em busca de uma oportunidade após vivenciar uma realidade de bicos e dificuldades. "Assim que cheguei, vim entregar meu currículo, e disseram para eu fazer logo o teste. Desde então, estou trabalhando como armador, que é a minha área", comenta. Segundo o trabalhador, foi graças ao novo emprego que ele conseguiu se estabilizar e, dois meses após iniciar como armador na obra do viaduto do Riacho Fundo, conseguiu trazer a esposa e a filha do Maranhão.

Assim como Genildo, o encarregado Diego da Silva, 34, também viu nas obras uma oportunidade para melhorar a situação financeira. O morador de Águas Lindas conta que estava parado há cerca de três meses. "Junto à minha esposa, até tínhamos uma venda de roupas, mas não era o suficiente para tudo. Estava devagar", desabafa ele, que está trabalhando há sete meses no serviço de recapeamento do Pistão Sul.


Com informações do Correio Braziliense - Arthur de Souza

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