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Após policial matar colega, SSP institui política de saúde mental

No último domingo (14/1), sargento Paulo Pereira de Souza disparou contra Yago Monteiro Fidelis e em si mesmo. Os dois morreram


Vinícius Schmidt/Metrópoles
Quatro dias após um policial militar em surto matar colega e tirar própria vida, a Secretaria de Segurança Pública instituiu a Política de Qualidade de Vida no Trabalho. A Portaria Nº 163 foi publicada no Diário Oficial do Distrito Federal (DODF) nesta quinta-feira (18/1). O sargento Paulo Pereira de Souza disparou contra Yago Monteiro Fidelis, no último domingo (14/1).

A política institui sete eixos: saúde e bem-estar; valorização profissional; relações socioprofissionais; ambiente de trabalho; identificação do servidor com os valores; pessoal; e proteção à vida.

A portaria destina-se a todos os profissionais da secretaria com abordagem em saúde mental. “Elaboração e/ou divulgação de projetos de conscientização, de informação e de sensibilização sobre o suicídio”, conforme consta em documento.

A portaria também estimula a capacitação de profissionais do sistema de segurança pública para identificar casos de risco no ambiente de trabalho.

As mortes dos policiais foram um alerta para a saúde mental de profissionais da segurança pública. Segundo a Polícia Militar (PMDF), em 2023, foram homologados 2525 atestados de afastamento por doenças mentais. Apenas em dezembro, foram 191. Em média, a cada dia, seis PMs do DF tiveram de se ausentar das atividades policiais por estarem em sofrimento psíquico.

Dois lutos


Com salva de tiros e homenagens, o soldado Yago foi enterrado no cemitério do Gama nessa terça-feira (16/1). Segundo a família, os pais do policial não queriam que ele entrasse na PMDF. Mas, por paixão pela segurança pública, o desejo de proteger a comunidade falou mais alto, e Monteiro vestiu a farda. Parentes pediram que a morte do militar não seja esquecida e que a corporação cuide melhor da tropa.

Pelas redes sociais, a viúva de Paulo Pereira de Souza desabafou. “Você foi um herói, dedicou sua vida, uma vida inteira à Polícia Militar do Distrito Federal. E o que fizeram com você quando mais precisou? Deixaram você sem nenhuma assistência, deixaram você trabalhar doente. Acharam que transferir você para outro batalhão seria a solução”, afirmou. Para ela, o Estado falhou. “Agora, duas famílias choram”, lamentou.

Fora das ruas e com tratamento


Após o sepultamento do soldado Yago, a comandante-geral da PMDF, coronel Ana Paula Barros Habka, anunciou medidas para cuidar da saúde da tropa. O corporação fará um mapeamento dos batalhões, começando pelo 27º, para saber quais policiais sofrem com problemas de saúde mental e precisam de ajuda. Se o militar não estiver em condições, sairá das ruas.


“Eu sei do estresse que é a nossa carreira. Eu vivo isso há 30 anos. E tenho obrigação de cuidar do nosso policial”, afirmou a comandante-geral. Com autorização da Procuradoria-Geral do DF (PGDF), a Polícia Militar pretende fechar um convênio com a Associação Médica Brasileira para atendimento no Centro Médico da Polícia Militar. Todos os quartéis irão receber centros de capacitação social, capelanias, para cuidar da tropa.

Em nota, após as declarações da comandante-geral, a corporação reforçou a promessa de reestruturar o serviço de saúde. “A PMDF reconhece a magnitude de abordar e superar os desafios vinculados à saúde mental de seus membros. Estamos plenamente conscientes da necessidade de implementar medidas eficazes visando proporcionar um ambiente de trabalho saudável e apoiar nossos policiais diante das exigências psicológicas inerentes à profissão”.

Busque ajuda


O Metrópoles tem a política de publicar informações sobre casos de suicídio ou tentativas que ocorrem em locais públicos ou causam mobilização social. Isso porque é um tema debatido com muito cuidado pelas pessoas em geral. O silêncio, porém, camufla outro problema: a falta de conhecimento sobre o que, de fato, leva essas pessoas a se matarem.

Depressão, esquizofrenia e o uso de drogas ilícitas são os principais males identificados pelos médicos em um potencial suicida. Problemas que poderiam ser tratados e evitados em 90% dos casos, segundo a Associação Brasileira de Psiquiatria.

Está passando por um período difícil? O Centro de Valorização da Vida (CVV) pode te ajudar. A organização atua no apoio emocional e na prevenção do suicídio, atendendo voluntária e gratuitamente todas as pessoas que querem e precisam conversar, sob total sigilo, por telefone, e-mail, chat e Skype, 24 horas, todos os dias.

Com informações do Metrópoles - Jade Abreu

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