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Paratleta do DF cria vaquinha para comprar equipamento e competir em Paris

Atleta, Ricardo sonha com uma cadeira de carbono, que aumentaria sua performance de forma significativa. O aparelho custa R$ 32 mil


Arquivo Pessoal
Dono do primeiro lugar no ranking nacional de paratletas de corrida, Ricardo Serpa, 30 anos, abriu uma vaquinha para conseguir comprar uma nova cadeira de rodas. A intenção é melhorar a performance do jovem no atletismo paralímpico. Trata-se de uma cadeira de carbono, que deve aumentar de forma significativa a velocidade do atleta, se comparado com o usuário da cadeira de alumínio, mais pesada do que o equipamento desejado.

Morador de Ceilândia, Serpa tem paralisia integral dos membros inferiores e está entre os 15 melhores paratletas do mundo na modalidade em que compete. Além de ser o primeiro no ranking nacional, Ricardo é considerado o segundo melhor na América Latina. Ele é dono dos melhores resultados nacionais nas corridas de 100, 200, 400, 800 e 1,5 mil metros rasos, e coleciona conquistas em torneios regionais, nacionais e internacionais.

Ricardo explica que, mesmo com um equipamento inferior, consegue estar entre os melhores. Mas diz que, se tivesse a cadeira de carbono, estaria entre os primeiros do mundo. “A cadeira de carbono é o ideal. Ela ajuda em tudo. A cadeira que eu treino hoje, a velocidade é de, no máximo, 27 km/h. Quando eu treino na outra, chego a 31 km/h. Então, a cadeira de carbono é essencial para qualquer atleta”.

História no esporte


Ricardo Serpa é o nono de 12 irmãos. Nascido em Santa Rita de Cássia, na Bahia, aos 9 meses teve uma febre intensa, que provocou uma convulsão e lhe causou paralisia na parte inferior do corpo. O interesse pelo esporte foi algo que o acompanha desde a infância. “Eu sempre quis conhecer, sempre quis disputar uma paralimpíada”, conta.

Aos 19 anos, a jornada do paratleta foi iniciada, quando foi morar com alguns parentes em Brasília. Os treinamentos começaram em uma pista de brita, no Centro de Ensino Médio da Ceilândia, onde ele terminou a educação básica. Com o tempo, Serpa conheceu o técnico Nildomar Valadares, que o convidou para treinar no Centro Olímpico Parque da Vaquejada.

No início, Ricardo treinava para as provas de pista e campo, porque não tinha uma cadeira de corrida disponível que fosse do tamanho do paratleta. “A cadeira de corrida é feita sob medida, e eu tinha chegado havia pouco tempo, logo não tinha nenhuma na minha medida. Competi uns quatro anos no arremesso de peso e lançamento de dardo, porque não tinha uma cadeira que me servia. Depois disso, eu achei uma cadeira com medidas parecidas com a minha, e aí comecei a fazer provas de pista 100, 200 metros”, relembra.

Atualmente, Serpa treina pela manhã todos os dias no Parque da Vaquejada. Ele também pratica musculação à noite, todas segundas, quartas e sextas-feiras. Além disso, o paratleta trabalha como técnico de futebol em uma escola em Ceilândia, como voluntário.

A busca pela cadeira de carbono


O maior desafio de Ricardo Serpa, hoje, é juntar o dinheiro para comprar a sonhada cadeira de carbono, que custa aproximadamente R$ 32 mil. O equipamento é necessário para que ele participe das competições que classificarão os convocados para as Paralimpíadas em Paris. Apesar disso, o paratleta destaca que é um item que todo corredor deveria ter no momento em que começa a competir de forma profissional.

“O ideal é ter a cadeira de carbono assim que o paratleta não é mais iniciante, mas não é isso que acontece. A cadeira de carbono te ajuda em tudo”, conta. “Com a cadeira de alumínio não consigo ultrapassar 26 quilômetros por hora. Quando corro na de carbono, eu chego aos 31 com facilidade”, expõe ele.

Uma vaquinha foi aberta, pois Serpa sobrevive com a Bolsa Atleta, de R$ 925. O montante é único dinheiro que ele recebe, já que não tem contrato de trabalho assinado. Além disso, o dinheiro do auxílio está retido há quatro meses, devido a um bloqueio em suas contas por falha gerencial do banco. O caso tramita na justiça.

As competições que classificarão os convocados para as Paralimpíadas em Paris acontecem em diversas cidades, como Goiânia, Brasília, São Paulo e Rio de Janeiro. Cada competição será uma oportunidade para Ricardo garantir a vaga na maior competição esportiva do mundo.

Cadeira emprestada


Enquanto não consegue comprar o equipamento, ele compete com a cadeira de carbono de Antônio Oliveira, um colega de profissão. Também paratleta, o amigo é de uma classe de competições diferentes de Serpa, o que o possibilita a ajuda. O processo envolve a retirada da cadeira um dia antes de viajar e a devolução imediata após seu retorno, para garantir que ambos os atletas possam treinar. Entretanto, nem sempre o planejamento dá certo.

“O quanto mais rápido eu comprar a cadeira, melhor. Se eu chegar a ser classificado para as Paralimpíadas, eu vou ter que pegar a cadeira emprestada de novo? É chato, não é? E vai que ele também é classificado, não vai ter como me emprestar”, explica a preocupação.

“Eu treinei com ele por muito tempo. O técnico dele era o mesmo que o meu, e começamos a fazer isso. Eu competia na cadeira dele, treinava com ele, treinava no mesmo horário, mesmo técnico. Mas quando era competição, ele me emprestava a cadeira, porque a gente não compete com o outro. Dava para ele emprestar para eu correr e ele corria também”, explica a dinâmica.

Em certas situações, Ricardo não pode usar a cadeira do colega e acaba sendo multado por se inscrever em competições e não participar. Isso acontece quando Antônio compete no mesmo horário e/ou dia de Serpa ou quando os dois são colocados na mesma bateria. “A gente não corre um contra o outro, mas tem competição que a organização às vezes mistura as classes para ficar mais cheia, mais bonito para quem assiste. Já aconteceu algumas vezes sermos colocados na mesma bateria. Só que só tinha uma cadeira para os dois. Aí ele correu e eu não corri, tive que pagar a multa”, lamenta.

Paralimpíadas


Ricardo Serpa acredita que conseguiria ficar entre os cinco melhores paratletas do mundo com a cadeira de carbono e se enche de esperanças com a possibilidade de ir para Paris com o equipamento. “Mesmo com os desafios da vida, acredito que Deus me deu um dom especial para superar obstáculos. Conto com a ajuda de todos que se sensibilizaram com minha história para contribuírem como puderem e me permitirem representar o Brasil e o DF em Paris”, disse o atleta..

Apoie o sonho de Ricardo Serpa: www.vakinha.com.br/4383889

Com inforemações do Metrópoles - Rebeca Kemilly

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