Banco público tenta justificar a iniciativa alegando perda de arrecadação para sites estrangeiros, enquanto governo enfrenta desgaste político com o tema
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| Marcelo Camargo/Agência Brasil |
A decisão da Caixa Econômica Federal de criar sua própria plataforma de apostas on-line gerou desconforto no governo Lula e críticas sobre a coerência da proposta. O presidente da instituição, Carlos Vieira, deverá se reunir com Luiz Inácio Lula da Silva na próxima semana para explicar os fundamentos do projeto, após o Palácio do Planalto cobrar esclarecimentos sobre a iniciativa.
Nos bastidores, a Caixa sustenta que parte das apostas hoje é realizada em sites estrangeiros, que operam sem autorização e sem pagar impostos no país. O banco argumenta que a criação de uma bet própria poderia atrair apostadores para um ambiente regulamentado, com regras claras, segurança e geração de arrecadação.
Apesar de o Ministério da Fazenda ter dado aval técnico ao projeto, o tema trouxe desgaste político. Isso porque o governo Lula vem defendendo maior taxação e controle sobre as bets, enquanto um banco público prepara-se para ingressar no mesmo mercado.
A Caixa calcula que sua plataforma pode gerar R$ 2,5 bilhões em 2026, primeiro ano de funcionamento. O banco também alega que a arrecadação das loterias caiu 50% desde o crescimento das apostas on-line, reduzindo a receita pública — já que 48% do total arrecadado é repassado aos cofres do governo.
O lançamento, previsto para o primeiro semestre de 2024, foi adiado até a conclusão da regulamentação do Ministério da Fazenda, que pretende criar mecanismos contra as apostas ilegais.
O projeto tem sido usado pela oposição para criticar o governo, e o próprio Lula demonstrou incômodo com a repercussão negativa. Mesmo assim, o Planalto deve reenviar ao Congresso uma proposta que aumenta a taxação sobre as bets e fintechs nos próximos dias.

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