Entre janeiro e agosto, quase 80% dos acidentes de 2024 já foram registrados; SLU reforça orientações sobre o descarte seguro de objetos perfurocortantes e resíduos de saúde
![]() |
Paulo H. Carvalho/Agência Brasília |
De janeiro a agosto de 2025, o Serviço de Limpeza Urbana (SLU) registrou 98 acidentes envolvendo garis feridos por materiais perfurocortantes, o que representa 77% do total de 2024, quando foram contabilizados 127 casos. O aumento preocupa e reforça a necessidade do descarte correto de objetos cortantes e perfurantes, como vidros, facas e seringas usadas.
Cerca de 2 mil toneladas de lixo são recolhidas diariamente no Distrito Federal, parte delas com materiais descartados de forma incorreta, o que eleva o risco de ferimentos. O SLU recomenda que vidros, cacos, espetos e facas sejam acondicionados em caixas de papelão, garrafas PET ou embrulhados em jornal, devidamente identificados para garantir a segurança dos coletores.
A diretora técnica do SLU, Andreia Almeida, alerta que a situação exige atenção. “Se mantivermos o ritmo atual, este ano pode fechar com aumento de até 3% em relação a 2024. Pode parecer pouco, mas estamos falando de quase 6 mil pessoas — entre garis e catadores — expostas diariamente a esse risco”, afirmou.
Os garis utilizam equipamentos de proteção individual (EPIs), como luvas reforçadas, uniformes resistentes e óculos, especialmente nas cooperativas. No entanto, Andreia lembra que esses equipamentos não são infalíveis. “Os EPIs ajudam, mas não são indestrutíveis. Qualquer descuido no descarte aumenta a chance de acidentes”, destacou.
Quando há corte ou perfuração, o trabalhador deve ser encaminhado imediatamente a uma unidade de saúde para limpeza do ferimento e início da profilaxia contra doenças como HIV e hepatites. O processo é longo e desgastante, exigindo uso de medicamentos e acompanhamento médico.
O SLU reforça que vidros quebrados devem ser embalados em caixas ou jornal, garfos e espetos em garrafas PET bem tampadas, e tampas de latas pressionadas para dentro. Sempre que possível, o material deve ser identificado no saco de lixo.
A Secretaria de Saúde (SES-DF) orienta que seringas, medicamentos injetáveis e perfurocortantes domésticos sejam entregues nas Unidades Básicas de Saúde (UBS). Já algodão e gazes com pequenas quantidades de sangue podem ser descartados em sacos plásticos separados.
De acordo com a auditora da SES-DF, Andria Delgado Vieira, a Vigilância Sanitária fiscaliza todas as etapas do gerenciamento de resíduos de saúde, conforme a Resolução RDC nº 222/2018 da Anvisa, que define cinco categorias: biológicos, químicos, radioativos, perfurocortantes e comuns. “Perfurocortantes contaminados devem ser armazenados em recipientes rígidos, com tampa rosqueável e identificação. Medicamentos vencidos também devem ser entregues nas UBS, que fazem a coleta regular conforme a lei”, explicou.
O DF Legal realiza fiscalizações e aplica multas a quem descarta resíduos de forma irregular. Andreia relata que alguns condomínios autuados passaram a seguir corretamente as normas e, posteriormente, receberam selo verde de reconhecimento ambiental.
Além da fiscalização, o SLU mantém mobilizadores ambientais que visitam cidades para orientar moradores e oferece o aplicativo SLU Coleta DF, com informações sobre o descarte correto de resíduos. O app está disponível para Android e iOS.
A UBS 1 do Cruzeiro criou em 2024 um coletor específico para medicamentos vencidos ou inutilizados, projeto idealizado pela farmacêutica Anna Heliza Giomo. A iniciativa inclui ações educativas e o material recolhido é encaminhado para incineração conforme normas da Anvisa. O projeto foi apresentado como “experiência exitosa” no Fórum dos Gestores da Atenção Primária e deve ser expandido para outras unidades do DF.
Como descartar perfurocortantes em casa:
Materiais cortantes ou perfurantes: identificar como “material cortante” ou “infectante”; dividir em mais de um saco se houver muito peso;
Vidros quebrados: usar caixas de papelão ou jornal;
Garfos, espetos e agulhas: acondicionar em garrafas PET bem fechadas;
Latas: pressionar as tampas para dentro;
Algodão e gazes com sangue: descartar em sacos plásticos separados e bem fechados.
Com informações de Agência Brasília
Nenhum comentário