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Chuvas e calor elevam risco de dengue no DF, e especialistas pedem reforço nos cuidados

Com mais de 23 mil casos suspeitos em 2025, atenção se volta aos criadouros domésticos e às novas tecnologias de combate ao Aedes aegypti


Divulgação/IgesDF
Com a chegada do período chuvoso ao Distrito Federal, o alerta contra o Aedes aegypti voltou a preocupar autoridades sanitárias. O clima instável, marcado pelo calor intenso e pelas pancadas de chuva, favorece a proliferação do mosquito transmissor de dengue, zika, chikungunya e febre amarela. Nesse contexto, especialistas reforçam a importância de eliminar criadouros dentro de casa — principal ponto de reprodução do vetor.

O Boletim Epidemiológico da Secretaria de Saúde (SES-DF) mostra que, até a 47ª semana epidemiológica de 2025, foram registrados 23,4 mil casos suspeitos de dengue no DF, sendo 11,4 mil classificados como prováveis. Embora o número represente uma queda superior a 93% em relação ao mesmo período do ano anterior, o risco de aumento é real com o retorno das chuvas.

“O mosquito se aproveita de pequenas quantidades de água parada para se reproduzir. Manter caixas-d’água vedadas, calhas limpas e vasos sem acúmulo de água é fundamental. Um simples descuido pode colocar toda uma vizinhança em risco”, alertou a farmacêutica e epidemiologista Thaynnara Pires, do Hospital de Base.

Ambiente doméstico segue como maior foco
Segundo o Ministério da Saúde, cerca de 80% dos criadouros do Aedes aegypti estão dentro das residências, em locais como pratos de plantas, pneus, garrafas, ralos e calhas obstruídas.

O publicitário Bruno Tavares, morador de Águas Claras, vive em constante atenção desde que teve dengue grave em 2023. Ele relata que hoje redobra os cuidados com a casa e com a filha de dois anos. “Passo repelente duas vezes ao dia e fico atento a qualquer foco no condomínio. Aqui temos muitos problemas com obras abandonadas”, contou.

Sintomas e alerta
A dengue costuma começar com febre alta, dor de cabeça e dores no corpo. Sinais como dor abdominal intensa, vômitos persistentes, sangramentos e tontura exigem atendimento imediato em uma UPA ou hospital.
“A hidratação é essencial, e medicamentos devem ser usados somente com orientação médica”, explicou o infectologista do Hospital de Base, Tazio Vanni.

Medidas que fazem diferença
• Esvaziar e lavar recipientes que acumulam água
• Tampar caixas-d’água
• Evitar lixo e entulho em quintais
• Limpar calhas e ralos
• Colocar areia nos pratos de plantas
• Usar repelente e instalar telas de proteção

Wolbitos: tecnologia a favor da saúde pública
Além da eliminação de criadouros, o DF aposta em uma estratégia inovadora: os wolbitos, mosquitos inoculados com a bactéria wolbachia, que impede a transmissão dos vírus da dengue, zika e chikungunya.

Desenvolvida em parceria com o Ministério da Saúde e a Fiocruz, a tecnologia reduz a circulação viral sem eliminar o mosquito. “Os wolbitos se reproduzem com os insetos da natureza e espalham a bactéria, tornando a população local incapaz de transmitir os vírus”, explicou Thaynnara.

A biofábrica inaugurada em setembro de 2025 já produz milhões de mosquitos por semana. As primeiras liberações ocorrem em dez regiões administrativas, com previsão de expansão para todo o DF até 2026.

“É uma ferramenta complementar, não substitui o cuidado dentro de casa. O poder público age, mas cada cidadão precisa fazer sua parte”, reforçou a especialista.

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