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Lesões por pressão afetam pacientes acamados e exigem cuidados contínuos

Ferimentos provocados por pressão constante podem surgir em hospitais, residências e instituições de longa permanência


Breno Esaki/Agência Saúde DF
Antes conhecidas como escaras ou úlceras de decúbito, as lesões por pressão são ferimentos causados pela força contínua exercida sobre a pele e os tecidos adjacentes. Quando não recebem o tratamento adequado, podem atingir camadas mais profundas, provocar dor, aumentar o risco de infecções e agravar o quadro clínico. Consideradas de difícil manejo, essas lesões exigem paciência e dedicação, com impacto direto na qualidade de vida do paciente e na forma como os cuidados são prestados.

Mais frequentes em pessoas acamadas ou com mobilidade reduzida, as lesões por pressão geram sofrimento significativo e demandam atenção redobrada de cuidadores e profissionais de saúde. O problema é classificado como uma questão de saúde pública e não se restringe ao ambiente hospitalar, estando presente também em domicílios e instituições de longa permanência.

O surgimento dessas lesões está associado à combinação de pressão prolongada com fatores como imobilidade, fricção, forças de cisalhamento — quando há deslocamento dos tecidos em direções opostas — e umidade. Em usuários de cadeira de rodas, é comum que os ferimentos apareçam na região da pelve, quadris e glúteos. Já em pacientes acamados, as áreas mais afetadas costumam ser costas, cotovelos, nádegas, calcanhares e quadris.

A enfermeira Ana Cássia Mendes Ferreira, representante da Câmara Técnica de Enfermagem de Cuidados com Incontinência, Pele e Estomas (Catecipe) da Secretaria de Saúde do DF, ressalta que o impacto das lesões ultrapassa a condição física do paciente e afeta também o esforço e a saúde mental das equipes de cuidado, incluindo familiares.

“É importante esclarecer que a ocorrência das lesões nem sempre está diretamente ligada à qualidade dos cuidados, especialmente quando todas as medidas de prevenção forem adotadas”, afirma. Segundo a profissional, mesmo com todas as precauções recomendadas, os ferimentos podem surgir, já que fatores como condições da pele, envelhecimento, comorbidades e estado geral de saúde também influenciam no processo.

A prevenção é possível porque as lesões tendem a aparecer nas áreas do corpo que permanecem sob pressão por mais tempo. Por isso, o cuidado com o posicionamento é essencial. A mudança frequente de posição ajuda a aliviar a pressão e deve ser feita mesmo em pacientes gravemente enfermos, de forma lenta e gradual, sempre respeitando a estabilidade clínica. A recomendação geral é alterar o posicionamento regularmente, avaliando a tolerância e a segurança do paciente.

O uso de colchões adaptados, como os de espuma de alta densidade ou viscoelástico, contribui para reduzir a pressão nas regiões mais vulneráveis. A alimentação e a hidratação também precisam ser adequadas à condição de cada pessoa, respeitando a via indicada, seja oral, por sonda enteral ou parenteral.

Outro cuidado fundamental é a troca regular de fraldas, para evitar o contato prolongado da pele com urina e fezes, já que a umidade favorece o rompimento da pele. A higienização correta é apontada como um ponto central na prevenção. “Pacientes idosos, por exemplo, têm a pele mais fina e, por isso, precisam estar sempre limpos e hidratados”, reforça a enfermeira.

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