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Com quase 500 mil seguidores, golpista da OLX é presa preventivamente

Apenas neste ano, Viviane Pereira dos santos, de 37 anos, figura como autora em 44 novas ocorrências policiais registradas pelas vítimas


Reprodução
Dona de um perfil no Instagram com meio milhão de seguidores, a vendedora de carros Viviane Pereira dos Santos, 37 anos, conhecida como a “Golpista da OLX”, foi presa preventivamente por equipes da 8ª Delegacia de Polícia (Estrutural). A golpista já havia sido alvo de operação da Polícia Civil em 30 de junho deste ano por crimes de estelionato.

Apenas neste ano, Viviane figura como autora em 44 ocorrências policiais registradas. O rol de motivos é imenso e passa por crimes de ameaça, estelionato e vias de fato. O Metrópoles teve acesso a documentos que tramitam no Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT) e conversou com vítimas e vizinhos da loja de Viviane Pereira, na Cidade do Automóvel.

Pouco antes de ser presa pela PCDF, a golpista da OLX havia gravado vídeos e postado fotos em seu perfil no Instagram. Em um dos vídeos, ela afirma que ninguém a sustenta ou paga suas contas. “Vocês que lutem para tentar me derrubar”, diz a narração no vídeo postado pela estelionatária.

“Trabalho com a polícia ou com o PCC”


Um dos processos mais polêmicos de Viviane diz respeito a ameaças. No documento, ela acusa uma pessoa de ter causado prejuízos por ter indicado um funcionário que aplicou golpes na loja dela. A vendedora alega que os dois são cúmplices.

Para tentar reaver os danos financeiros, Viviane envia mensagem fazendo referência à maior organização criminosa do país: o Primeiro Comando da Capital. “Trabalho com a polícia ou com o PCC”, é o trecho de uma das mensagens que Viviane enviou à vítima e foi anexado ao processo de ameaça e crimes pela internet ao qual responde.

“Irei aí novamente com três colegas e só saio com os telefones. Você vai pagar carro por carro, e não vou na mesma educação, não”, inicia uma das conversas. A vítima se defende dizendo que não fez nada. “Você não quer tirar minha paz”, responde.

“Venha aqui, já que é homem, porque se eu for aí vai ser pior”, continua as ameaças. Em outro momento, a dona da loja informa que vai usar mais os 525 mil seguidores para denunciar a conta do homem.

O Metrópoles localizou o perfil de Viviane, que é verificado em uma rede social, mas está privado, atualmente.

Golpe pela OLX


Em uma das 35 denúncias a que responde, Viviane teria usado o site de vendas OLX para procurar pessoas que anunciaram venda de carros.

“Ela dizia que estava com uma venda certa. A loja parecia séria, fez contrato e tudo, e eu estava com pressa para vender”, informou a vítima, que é um advogado. Quando assinaram o contrato, o nome da loja era Gasoline (mesma nomenclatura da operação deflagrada pela 8ª Delegacia de Polícia contra a concessionária Fort Veiculo – nome atual da empresa).

Segundo o boletim e o relato da vítima, Viviane teria cobrado ainda R$ 1,7 mil para fazer o polimento e teria dito que o negócio estava fechado, e o veículo seria vendido por R$ 59 mil.

Depois de deixar o carro sob cuidados de Viviane, passaram-se ainda 29 dias e o automóvel seguia na concessionária. Depois de um mês, o advogado foi retirar o veículo e percebeu que nem o polimento havia sido feito, e o carro registrava mais 1.315 km rodados – quilometragem superior à distância entre Brasília e Rio de Janeiro, que é de cerca de 1,2 mil km.

Questionada, Viviane disse que seria impossível essa quilometragem, que o test drive é de apenas 200 metros, e que jamais tocou em carro de cliente “Só pode ser um perturbado para aumentar uma quilometragem dessas”, afirmou.

Raiva e gasolina


Em janeiro deste ano, um homem tentou reaver um Hyundai Creta que pertencia ao sogro. O veículo foi vendido, mas ele não teria recebido o valor referente ao automóvel. O cliente disse que levaria o carro de Viviane no lugar. Ela teria “partido para cima” dele, ferindo o pescoço do homem com as unhas. Segundo boletim de ocorrência, ficou uma lesão aparente.

Com raiva, o homem então saiu da loja e jogou gasolina no chão da concessionária.

“Endemoniada, analfabeta, pobre e louca”
Uma cabeleireira também entrou na Justiça contra Viviane. Ela teria feito sete procedimentos capilares com a dona da loja. Para pagar, deu um cheque de terceiro no valor de R$ 2,9 mil. Quando a vítima depositou, o cheque voltou.

A profissional, então, ligou para Viviane cobrando o valor, e teria sido xingada de “endemoniada, analfabeta, pobre e louca”‘. Em sua defesa, Viviane disse que a cabeleireira a teria chamado de “golpista”. Neste processo, ela respondeu por injúria.

Entenda


Em 30 de junho, a Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), por meio da 8ª DP, deflagrou a operação Gasoline contra a loja de carros Fort Veículo, na Cidade do Automóvel, suspeita de praticar crimes de estelionato. Os policiais cumpriram mandados de busca e apreensão, além do bloqueio de contas, expedidos pela 8ª Vara Criminal de Brasília.

Das 35 ocorrências registradas contra a loja e a autora, em somente seis das denúncias que compõem o inquérito o lucro ilícito seria de, no mínimo, R$ 237 mil. A mulher já possui passagens por outros crimes de estelionato, apropriação indébita, vias de fato, injúria, lesão corporal e ameaça.

Questionada sobre a operação de sexta-feira, Viviane pediu para que procurasse os advogados dela. A defesa de Viviane alegou que ainda não teve acesso ao processo para se pronunciar e que este segue em segredo de Justiça.

Com informações do Metrópoles - Carlos Carone, Mirelle Pinheiro

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