Marcola foi transferido de presídio em Rondônia, onde estava desde março do ano passado, após o ministro da Justiça, Flávio Dino, apontar possível plano de fuga
A mulher de Marcola, apontado como o líder do PCC (Primeiro Comando da Capital), acusa a Penitenciária Federal de Segurança Máxima de Brasília de maus tratos e de fornecer comida estragada aos presos, o que, segundo ela, configura “método de tortura”.
Em carta enviada por meio de seu advogado, Cynthia Giglioli Herbas Camacho afirma que o marido emagreceu 20 quilos desde que chegou a Brasília, em janeiro, e está “sempre muito pálido, com as mãos bem trêmulas, que só vão passando após 1 hora de visita”.
Marcola foi transferido de presídio em Rondônia, onde estava desde março do ano passado, após o ministro da Justiça, Flávio Dino, apontar possível plano de fuga.
Em nota, a Secretaria Nacional de Políticas Penais (Senappen) informou que as penitenciárias federais mantêm contratos com empresas para o fornecimento de refeições, elaborados com base em parecer nutricional que obedece às necessidades calóricas diárias para um homem médio, de 2.000 a 2.500 kcal por dia.
A Senappen citou manual de assistência do sistema penitenciário federal que determina a alimentação aos presos com desjejum, lanche da manhã, almoço, lanche da tarde, jantar e ceia.
Segundo Cynthia, o marido teve que ser levado ao hospital para fazer exames e, desde que chegou a Brasília, perdeu cerca de 20 quilos “os quais não recuperou até hoje pela falta de comida que lhe é fornecida”, segundo trecho da carta.
“Entendemos que tem diversas pessoas no mundo passando fome, o Estado está fornecendo comida, ainda que pouca, e de fome ele não vai morrer! Mas a verdade é que o dinheiro é do Estado e tem que ser fiscalizado, nesse caso, pra onde vai o dinheiro que seria destinado aos custodiados pelo Estado?!”, escreveu.
Ela ponderou que se manteve quieta sobre o assunto para evitar represálias contra o marido, mas, “em razão de não aguentar mais a circunstância a qual estão submetendo Marco”, decidiu falar.
Outro trecho da carta cita a indefinição do presídio em relação aos alimentos e itens pessoais que podem ser levados pelas famílias dos presos. “Nós familiares não queremos que sirvam lagosta, e sim apenas uma comida possível de se comer”, escreveu.
Cynthia também reclama de maus tratos por parte dos agentes penitenciários a familiares de presos em dias de visita. Segundo ela, “são extremamente hostis, sendo grosseiros para acompanhar até o banheiro”.
As visitas ao seu marido, afirma, duram três horas e são realizadas em parlatórios com vidros blindados, sem contato físico. Sobre esse tema, a secretaria não respondeu.
Por fim, a mulher de Marcola expõe sua preocupação em relação à saúde mental do marido, já que vive isolado, “como se tivesse um pavilhão só para ele”, e que sai para o banho de sol apenas uma vez por semana, quando tem visita.
Ao lado de sua cela, relata Cynthia, há outros três presos, mas, por “questões de foro íntimo”, Marcola prefere se afastar. Situação parecida teria sido vivida por ele na Penitenciária Federal de Porto Velho, onde dividiu a ala com um preso chamado por ele de “pistoleiro” e com quem ele evitava encontrar no banho de sol. “Numa lamentável ‘coincidência’ esse indivíduo foi junto com Marco para Brasília, o qual permaneceu ao lado de sua cela”, afirma a mulher.
Outro agravante para a saúde mental do preso, diz Cynthia, é a falta de acesso às cartas enviadas por ela e pelos filhos semanalmente. “Quando as recebe, é somente após meses do envio”, diz ela.
A Senappen foi questionada sobre a falta de banho de sol e a entrega das cartas, mas também não respondeu.
Com informações do Jornal de Brasília
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