Unidade do GDF lança folheto educativo e treina voluntários para orientar sobre higiene, segurança e uso racional de antibióticos
![]() |
| Divulgação/IgesDF |
A resistência bacteriana é hoje um dos maiores desafios da saúde pública, e a prevenção depende não apenas dos profissionais, mas também dos pacientes, acompanhantes e da sociedade. No Hospital de Base do DF, administrado pelo IgesDF, o Núcleo de Controle de Infecção Hospitalar (Nucih) vem adotando estratégias educativas para reforçar esse entendimento, com foco na prevenção e na mudança de comportamento.
O hospital lançou um folheto educativo, distribuído a pacientes, acompanhantes, voluntários e integrantes do projeto Humanizar, com orientações simples sobre higiene das mãos e cuidados para evitar a transmissão de microrganismos. Os voluntários também recebem treinamento específico para reduzir riscos de disseminação de bactérias resistentes durante o acolhimento.
“O paciente tem papel fundamental no controle das infecções”, destaca o infectologista Julival Ribeiro, coordenador do Nucih. “Pequenos gestos, como a correta lavagem das mãos, podem salvar vidas.”
O infectologista Lino Silveira reforça que o treinamento ajuda a transformar boas intenções em segurança: “Gestos como abraçar ou cumprimentar podem, inadvertidamente, transportar bactérias. Por isso é essencial orientar.”
As infecções hospitalares, especialmente entre pacientes com trauma grave, câncer ou doenças críticas, podem alterar o desfecho clínico e, em casos de microrganismos multirresistentes, levar ao óbito mesmo após a melhora do quadro inicial. Ribeiro alerta que o avanço da resistência bacteriana compromete a eficácia dos tratamentos, prolonga internações e aumenta custos hospitalares.
A atuação do Nucih também alcança o ambiente externo. Uma análise realizada com a engenharia sanitária identificou indícios de bactérias resistentes no esgoto de Brasília, reforçando a necessidade de uma abordagem integrada. “Falamos de saúde humana, animal e ambiental; tudo está interligado”, explica o infectologista Tazio Vanni, ao citar o conceito de “saúde única”.
A resistência bacteriana também está relacionada ao uso indiscriminado de antibióticos na agropecuária. Para enfrentar o problema, o Brasil segue o Plano de Ação Nacional para o Controle da Resistência aos Antimicrobianos, alinhado às diretrizes da Organização Mundial da Saúde (OMS). “O país já está na segunda versão do plano, o que mostra o compromisso em tratar o tema como prioridade”, observa Tazio.
Além das ações de prevenção, novas alternativas estão em estudo, como o uso de vírus bacteriófagos, capazes de atacar bactérias específicas e apontados como estratégia promissora no futuro do tratamento.
“Precisamos aprender com a natureza para desenvolver soluções sustentáveis no combate à resistência bacteriana”, conclui Julival Ribeiro.

Nenhum comentário