Animal resgatado em Luziânia passou um mês em cuidados intensivos no Hfaus e voltou totalmente recuperado ao habitat natural
![]() |
| Matheus H. Souza/Agência Brasília |
Uma lobo-guará fêmea foi devolvida à natureza nesta sexta-feira (21) após um mês de tratamento no Hospital e Centro de Reabilitação da Fauna Silvestre do DF (Hfaus), vinculado ao Instituto Brasília Ambiental. O animal foi resgatado em Luziânia (GO) com sinais de apatia e fraqueza e recebeu cuidados intensivos até se recuperar totalmente. A soltura ocorreu na APA Cafuringa, em Brazlândia.
Durante a internação, a equipe técnica realizou uma série de exames, incluindo testes de sangue e fezes, ultrassom, raio-x, avaliações cardiológicas e análises para doenças infectocontagiosas. Os resultados apontaram erliquiose, infecção bacteriana que atinge as células sanguíneas e pode causar dificuldade de locomoção, perda de peso e apatia. A fêmea chegou a não conseguir se manter em pé e precisou ser alimentada por sonda.
Segundo o coordenador do Hfaus, Thiago Marques de Lima, o tratamento começou imediatamente após a confirmação da doença, com medicação, plano alimentar específico e acompanhamento diário da equipe. A resposta foi rápida: em um mês, o comportamento do animal havia retornado ao padrão natural e os parâmetros clínicos estavam estáveis, permitindo a liberação para soltura.
Após a alta, a lobo-guará foi encaminhada ao Cetas-DF, do Ibama, responsável pela definição da data e do local de soltura. Agora, ela será monitorada por meio de colar GPS e armadilhas fotográficas instaladas nas áreas de preservação do DF. O equipamento é adequado ao porte do animal e programado para se abrir automaticamente após seis meses de uso.
O chefe do Cetas-DF, Júlio César Montanha, ressalta que o monitoramento é essencial para a conservação da espécie e do Cerrado. Ele explica que o lobo-guará tem papel importante no controle populacional de outros animais, contribuindo para o equilíbrio ecológico.
O Hfaus, inaugurado em 2024, é o primeiro hospital público do país com atendimento integrado focado na reabilitação de fauna silvestre. Desde sua abertura, a unidade já atendeu 1.953 animais em 2024 e 2.274 em 2025, com predominância de aves, mamíferos e répteis. As principais causas de entrada são cuidados neonatais e lesões ou fraturas.
Entre os carnívoros atendidos em 2024, 19 deram entrada, incluindo cinco lobos-guará. Em 2025, já são 22 atendimentos da mesma ordem, com sete lobos-guará resgatados — quatro ainda internados, um com alta e dois óbitos.
A estrutura do hospital foi planejada para minimizar estresse dos animais, com setores separados para aves, mamíferos e répteis. Em casos de avistamento ou necessidade de resgate, a população deve acionar o BPMA pelo 190 ou o Corpo de Bombeiros pelo 193, sem tentar intervir diretamente.

Nenhum comentário